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SUDOESTE GOIANO: Cresce o número de pessoas morando na beira das rodovias

Mas, quem são essas pessoas? De onde elas vieram?

Para onde querem ir? O que elas almejam na vida?

A reportagem do LIBERAIS visitou recentemente vários acampamentos instalados nas beiras das rodovias do sudoeste goiano e teve contato direto com várias pessoas desamparadas e que sonham em ganhar uma gleba de terra para poder trabalhar e viver ali, o resto de suas vidas.

 

“Não temos nenhum recurso financeiro e é muito difícil viver aqui nesse lugar. Frequentemente ocorrem acidentes e entre outras coisas na rodovia. Vim para cá com o intuito de conseguir um pedaço de terra para viver e trabalhar. Eu queria que os governantes olhassem mais para nós”, disse Neuza Bernasoli, natural de Jataí e que reside com o marido e os dois filhos menores de idade, em um acampamento de lona na BR-364 saída para Portelândia.

A estimativa é que cerca de mil pessoas acamparam nos últimos meses à beira das rodovias que cortam os municípios de Jataí, Mineiros, Portelândia, Rio Verde e Perolândia. Até pouco tempo, várias destas pessoas já chegaram a ter vidas melhores, morando em sede de fazendas ou em casas alugadas. Agora, elas deitam sobre camas traçadas de varas feitas por elas mesmas e com travesseiros mofos tão quanto suas cobertas.

A maior parte das aglomerações da beira da BR-364 está no município de Mineiros e começa a partir do Posto 71, quando já é possível observar os primeiros barracos espalhados em meio a vegetação, indo até próximo ao município de Portelândia. São centenas de pessoas morando em condições precárias e bastante arriscadas. A Prefeitura concede alguns benefícios para essas famílias como exemplo, o transporte escolar para buscar e levar os meninos menores de idade para estudar nas escolas da cidade.

Geralmente, a realidade dos moradores das beiras das estradas de um município para outro é a mesma. Não tem eletricidade, nem água tratada, não há banheiros e convive com um altíssimo nível de poluição carburante e sonora, além da sujeira acumulada nos tetos dos casebres. Quando chove, muitos acabam molhando e é uma situação deplorável, mas nesse meio, existe uma tese sociológica que requer a seguinte reflexão: Por que mesmo com toda essa carência e precariedade dos acampamentos, cada vez mais pessoas estão indo morar na beira das rodovias?

“Sem lugar para morar na cidade, vim trabalhar aqui na beira da rodovia, cultivando hortaliça e o meu sonho era conseguir uma terrinha. Os carros passam toda hora na estrada e o meu maior medo é se um desses carros extraviar, isso é um perigo. Vou falar a verdade para vocês: Só tenho fé em Deus, Deus é quem me olha, o que eu vou fazer? Nada!”, disse com a voz entalada o senhor Davi dos Santos Costa, natural de Santana-BA, que mora num barraco perto da ponte do Ribeirão Alegre na BR-364.

Quem vai para Perolândia via GO-220, vai deparar antes de passar pela ponte do Rio Claro com um acampamento que vem aos poucos sendo formado e já tem em torno de 23 pessoas vivendo em casebres de plásticos. O líder desse acampamento é Domício José Casano que pertence ao Movimento Terra Livre e o objetivo deles é conseguir um quinhão de terra via reforma agrária. “Nós estamos pleiteando terra na região, mas não somos invasores e nem arruaceiros. Queremos crescer a reforma agrária, independente do partido do governo e peço para que as pessoas olhem melhor para os sem-terra. Estamos na beira de uma rodovia, um lugar muito perigoso e a mercê de tudo”, revela Domício.

Adailson Protássio Machado, natural do Estado do Maranhão, casado, pai de dois filhos e morava em casa alugada em Mineiros. Há dois anos construiu uma casinha de barro na beira da BR-364 e sobrevive fazendo bico em serviços temporário. “Passei quatro anos pagando aluguel e as coisas foram ficando difíceis e acabei vindo para esse pedacinho de chão” revela Adailson.

A maioria dessas pessoas pertence algum movimento de sem-terra e estão sempre sonhando em ganhar uma gleba de terra através do programa de reforma agrária do Governo Federal. Só que no momento, não há nenhuma perspectiva dessas pessoas conseguirem uma área de terra ou mesmo, casas nas cidades, pois o atual governo parou o programa de assentamento rural.

E se não há outra saída, esses moradores estradeiros seguem o seu destino de intranquilidade e ouvindo dia e noite, o intenso ronco dos motores: na BR-364 passam 2.500 veículos por dia; na BR-060 são 3.000 veículos diariamente; na BR-158 são 1.500 veículos por dia e na G0-220 passam 500 veículos todos os dias.

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