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Crônicas por Pio Rezende

O jogo mais marcante da minha vida!

Lágrimas escorriam pelo rosto das pessoas... E acredito que foi a primeira vez que presenciei alguém chorando por causa de futebol.

No lado romântico dos anos 70 e próximo ao álamo, quatro meninos com uma bola velha de borracha, começa uma brincadeira. Um dos garotos, queria ser o Rivelino...Outro, o Tostão...O terceiro garoto, o Pelé...Já o quarto menino queria ser o Jairzinho...

​Essa denominação escolhida pelos meninos, era uma alusão aos craques brasileiros que foram Tricampeão Mundial de futebol na Copa do México! Mas, o que aconteceu quatro anos depois?

​Alemanha 1974. Começa o mundial de futebol e a Seleção Brasileira chegava para essa Copa muito respeitada. Vários de seus jogadores, eram remanescentes da seleção campeã de 1970. Muita gente no mundo achava que o Brasil seria facilmente tetracampeão.

​Mas aí, houve lágrimas e muita tristeza! O time do Brasil vinha até bem na competição e se classificou para a segunda fase do torneio. Porém, surgiu no caminho dos brasileiros um time, até então desconhecido usando camisas laranjadas: era nada mais, nada menos, do que a famosa Seleção da Holanda (conhecida como a “Laranja Mecânica”).

Lembro muito bem do narrador da TV brasileira falando os nomes de alguns desses jogadores holandeses, como: Johan Neeskens, Cruyff, Johnny Rep, Arie Haan, dentre outros. O Brasil levou um baile ou um passeio como se diz na gíria do futebol... Quando um jogador brasileiro pegava na bola, surgiam três jogadores holandeses para tomar. Era um sufoco. Quando o árbitro apitou o final do jogo, marcava no placar: Holanda 2 Brasil 0.

​Eu tinha cerca de 10 anos de idade e assisti este jogo numa sala pequena da casa de um vizinho. Havia ainda mais umas outras 13 pessoas, que, por falta de bancos, muitos sentaram no piso da residência. A televisão era com imagem em preto e branco e acredito que devia ser da marca Colorado. Muitas lágrimas escorreram pelo rosto das pessoas!

​Mesmo não entendendo nada de futebol nessa época, fiquei impressionado com aquela partida de futebol. Penso que fui envolvido “naquelas ilusões” que todos nós temos quando somos crianças... Confesso ainda que depois fiquei curioso sobre esse time da Holanda. E até comprei um exemplar da Revista Placar, que tinha dentro um pôster grande dessa seleção holandesa. Em seguida, preguei na sala da minha casa. Porque ganhar do Brasil não era e nunca foi uma tarefa fácil para nenhum time de futebol.

​Mesmo após 48 anos, todas as vezes que alguém fala na Seleção da Holanda, me vem à lembrança esse jogo da Copa de 74. Que se tornou o jogo mais marcante da minha vida!

​Os meninos que brincavam com a bola de borracha na beira do álamo, fazendo alusão aos craques da Seleção de 70, ficaram frustrados com essa derrota do Brasil para a Holanda. Entretanto, algum tempo depois, eles entenderam que ninguém é imbatível quando o assunto é futebol...Os garotos eram vizinhos e foram criados juntos. Hoje, embora não se encontrem com a mesma frequência, mesmo assim, continuam mantendo a amizade de sempre!

​Os meninos eram: Osvaldo (queria ser o Rivelino), Zezinho (queria ser o Tostão), Silvaldé (queria ser o Pelé) e Pio Rezende (queria ser o Jairzinho).

Pio Rezende

Jornalista, Ambientalista e Editor do Jornal LIBERAIS.

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