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Crônicas por Pio Rezende

Nunca esqueci daquela noite...

Não sou poeta, mas tenho a intenção de contar os voos das borboletas e contemplar os lírios dos campos! Caso não consigo estacionar em meios as façanhas, posso reviver as coletâneas que deixei de sonhar!

Era 23 horas de uma noite fria e eu ainda estava escrevendo um artigo jornalístico. O meu perfil do facebook continuava aberto. De repente, aparece uma mensagem no msn dizendo assim: “Olá! Lembro de você...éramos jovens! Demos uns beijinhos! Bom te ver bem!”.

Antes de responder à mensagem fui pesquisar o perfil da pessoa que estava querendo conversar comigo. Era uma mulher de Brasília chamada Zenia Honorita. No primeiro momento, não lembrei de ninguém com aquele nome.

Depois de alguns instantes, recordei de uma garotinha linda que havia conhecido na juventude. Nós tivemos um namorico. A última informação sobre o paradeiro dela era de que teria mudado para Brasília.

A partir daí, fiquei pensativo e curioso para saber quem era mesmo aquela mulher que me tratou de forma familiar. Então, eu disse: “quem é você?” Ela respondeu: “Eu sou eu! Demos uns beijinhos, éramos adolescentes. Eu morava em frente ao clube Thirteen Maio e estudava na escola Estadual Marinda Faios”.

 

Nessa hora confesso que fiquei pasmo e disse pra mim mesmo: “será que é aquela garotinha que estava sumida há três décadas?” Aí, fiz outra pergunta: “você chegou a ir na minha casa?” Ela falou: "Me lembro vagamente de uma casa antiga lá pra cima, acho que fui sim à tua casa”. E respondi: “foi num dia que era pra nós ir para uma festa e você estava vestida de sainha, botinha e eu estava assistindo um jogo de futebol?” Ela acrescentou: “É, eu acho que fiquei bem chateada né! "Lembro um pouco, mas usava umas sainhas...kkk com umas perninhas seca... kkk”.

Bom, depois desse diálogo no msn estava certo de que tinha encontrado aquela menina sumida! Foi um alívio para o meu ego saber que a garotinha – agora cinquentona e vivendo outros enredos da vida – estava bem! E mais alegre ainda por saber que se lembrava de mim com a mesma lírica de outrora. Isso é tudo para um homem que aprecia a beleza, o romantismo e a gratidão das mulheres!

Voltando ao tempo, por que não deu certo o nosso passeio?

Bom, confesso que gostava muito de futebol e justamente naquela noite (25/02/1987) era a final do Campeonato Brasileiro. Entre os times do São Paulo e o Guarani de Campinas. Se o jogo terminasse empatado, teria uma prorrogação de 30 minutos. Persistindo o empate, a decisão seria nas cobranças de pênaltis.

Quando a menina chegou na minha casa (eu estava sozinho nesse dia), ela estava vestida de sainha, blusinha decotada e de botinha – o traje que mais admiro numa mulher. Então, falei para a garotinha: “Vamos assistir o futebol e depois iremos para a festa”.

No primeiro momento, ela concordou e ficamos assistindo a partida de futebol. Ne meio tempo, nós dávamos uns beijinhos no sofá! Mas aí, o jogo terminou empatado e a menina disse: “Vamos agora para a festa!” Eu querendo assistir também à prorrogação da partida, consegui convencê-la para sair depois da prorrogação.

Por incrível que pareça, o jogo terminou também empatado na prorrogação. As cobranças dos pênaltis demorariam cerca de 40 minutos. Aí, a exaustão tomou conta da garotinha linda que deu um ultimato: “Vamos sair agora!” Como queria assistir as penalidades dos times, fiquei em silêncio e ela foi embora.

Aquela noite de verão terminou assim: o São Paulo foi campeão e eu perdi a menina, que depois disso, nós nunca mais nos encontramos.

O poema lírico que era para acontecer entre - Wallace Phil e Zenia Honorita - foi refutado pela ilusão de uma partida de futebol. Percebi, tempos depois, que fui arrastado para um erro colossal. O tempo é implacável e ninguém consegue rascunhar novamente as páginas coloridas!

Passei muito tempo pensando naquela noite e cheguei até a contar essa história para muita gente...Sofri na batalha dos arrependimentos e pelo glamour das paixões!

Me dei conta de que precisava pelo menos eternizar esse momento antológico. Porque agora, sabia do paradeiro dessa menina: “Olá! Lembro de você... Éramos jovens! Demos uns beijinhos! Bom te ver bem!!!”.

Pio Rezende

Jornalista, Ambientalista e Editor do Jornal LIBERAIS.

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