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Crônicas por Pio Rezende

“Eles pareciam que se conheciam há cem anos...”

As luzes piscavam na pista de dança ao som da magistral música: Calypso Woman! Dezenas de jovens suavam as camisas se divertindo! De repente, chega na festa um rapaz elegante que chama atenção das garotas Mariley e Zenilene.

Elas cochicham entre si: “quem é esse cara tão charmoso...? Tive uma sensação muito forte!”, revela Zenilene. Mariley responde: “não conheço e confesso que a minha parte-baixa esquentou...!”

O cara era o Rubinho, um jovem badalado e sedutor. Na década de 80, encantava os corações femininos nas festas da cidade de Rio Verde. Usava roupas brancas, estampadas e estilosas. Um conquistador por excelência que transmitia uma confiança inabalável.

Depois de um rolê pelo salão chamando a atenção de todos, Rubinho aproximou-se do balcão e pediu uma bebida. Ficou ali espiando a agitação da balada. As garotas Mariley e Zenilene — disfarçadamente — foram ao balcão e pediram um refrigerante. A intenção delas era conhecer o rapaz.

Rubinho tinha 27 anos de idade e vivia de pequenos bicos. Nos finais de semana, pegava emprestado o fietinho 147 da sua tia Verônica. Era dentro desse carrinho, que rolavam as cenas românticas das noites enluaradas!

Quando, Rubinho tomou um gole da bebida falou para Zenilene, que já estava ao seu lado: “vamos dançar um pouquinho menina?” Ela olhou fixamente para o rapaz e aceitou sem hesitação.

Rubinho era um excepcional dançarino e enquanto bailava com Zenilene — buscava os olhares da sua amiga Mariley. Aí, papo-vai, papo-vem, os diálogos evoluíram para um romance.

Após dançar várias músicas, sentaram numa mesa do recinto. Bebiam e depois voltavam a dançar. Perto da meia-noite, Mariley e Zenilene quiseram ir embora. Rubinho se ofereceu para levá-las nas suas casas. Nessas alturas, ele já havia conquistado a Zenilene.

Mariley ia dormir na casa de Zenilene que estava sozinha — os seus pais estavam viajando. Chegando na casa, Zenilene disse para Mariley: “vou dar um passeio com o Rubinho e logo voltamos”.

A noite já estava meio deserta e Rubinho levou Zenilene para perto do aeroporto da cidade. Dentro do fietinho, os abraços e beijos ficaram intensos. As roupas deles foram saindo lentamente e aconteceu o deslumbramento!

Quando voltaram, Mariley falou para Zenilene que não ia mais dormir na casa dela e perguntou se o Rubinho levava até a sua casa — ele parecia ter muita sorte — que concordou prontamente. Assim, Rubinho deixou Zenilene na sua casa e foi levar Mariley.

No trajeto, os desejos se equacionaram. No final de uma rua de ladeira havia uma casinha velha abandonada. Ele entrou com o fietinho no quintal. Ali, os beijos quentes envolveram a cena. Faturou a Mariley!

Depois de mandar bem com as duas garotas, voltando para sua casa, Rubinho parou num barzinho. Lá, uma pessoa disse que estava acontecendo um baile numa chácara na parte alta da cidade. Ele não perdeu tempo e seguiu para o local.

Nessa festa, tinha torda, som ao vivo e servia caipirinha para as pessoas. Rubinho, dono de um magnetismo estelar, logo se tornou o holofote da balada. Uma menina moreninha, por nome de Vandira, começou a dar bola pra ele.

Rubinho não fazia contas e só obedecia à sua intuição. Tomou um golinho da bebida e abordou a moreninha dizendo: “hoje conheci várias garotas maravilhosas! Mas, você despertou em mim outras possibilidades de encantamento!” Imagina, quanta alegria essa declaração envolveu o coração da Vandira!

Logo, ele percebeu no semblante da garotinha que o caminho estava aberto para brilhar! E anunciou: “eu e você podemos desenhar uma tela de amor! Vamos lá fora contemplar a lua?” Ao ouvir essas frases românticas, Vandira entendeu a conexão. Foi aos poucos se expondo ao conquistador.

Quando saíram do recinto, começaram a beijar intensamente. Daí pra frente, parecia que eles se conheciam há cem anos! A estratégia de Rubinho tinha dado certo. Agora os desejos e as emoções eram donas da razão!

Com o clima romântico fervilhando, ele agarrou na mão da Vandira e foram em direção a um pé de manga, afastado uns 200 metros da festa. Lá, continuaram com as ternuras até que a saia da menina desceu! Rubinho deslumbrava com a terceira garota na noite.

Após a noite maravilhosa, Rubinho chegou amanhecendo o dia na sua casa sentindo muita sede, fome e sono. Dormia cerca de 10 horas...um cara incrível num ritmo alucinante! Apaixonado pelas mulheres!

A magia das festas fervorosas de outrora não existem mais. O fietinho 147 saiu de linha. Mas, o tempo não para e nem envelhece. E cadê o Rubinho?

Ah! Ele pode estar morando bem perto da sua casa, ou passando todos os dias na rua onde você mora. Prossegue exibindo fascinação...!

Pio Rezende

Jornalista, Ambientalista e Editor do Jornal LIBERAIS.

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