Crônicas por Pio Rezende
A máquina de costura que não quer calar...
Uma menina branquinha, franzina e de olhar deslumbrante! Mesmo sem saber direito a direção do pôr do sol, ela sonhava com dias exuberantes e coloridos de bonanças!
Vitalina Souza de Rezende, nascida em 21 de fevereiro de 1938 na Fazenda Picada, município de Jataí. Na infância, teve de suportar três dores que certamente marcaria para sempre a sua vida: a separação dos seus pais; o distanciamento dos seus irmãos e a ausência da sua mãe. Os seus dias seguintes seriam árduos, mas a sua fé era inabalável!
Longe da civilização moderna, depois da separação dos seus pais – aos oito anos de idade – foi morar na cidade de Caçu com o seu tio Cacildo. Nas noites mais frias, seu tio dizia antes de deitar: “Quando os galos começarem a cantar, vamos levantar para trabalhar na roça de fumo”. Foi um período de dura jornada e conheceu ainda criança o orvalho da madrugada. Além de ser a babá dos seus primos menores.
Em meio a imensa luta, teve de enfrentar a dureza das águas do Rio Claro. Numa tarde escura e chuvosa, ao fazer a travessia perigosa, sua canoa saiu de controle, rodando cerca de mil metros. Há, mais Deus tinha um proposito para sua vida e segurou firme na sua mão, superando os desafios das correntezas.
No auge dos 16 anos, a mocinha branquinha não teve dúvidas ao deparar com um cavaleiro elegante montado num Burro arriado com muitas argolas. Seu nome: Sebastião Martins Rezende (Sebastião Pio), que chamou a sua atenção e despertando o seu lado romântico!
No mês de abril de 1954, a Capela Cachoeira Alta da cidade de Rio Verde, foi a escolhida por eles, que diante do Padre Prudêncio Bonilha, disseram o SIM colocando nos seus dedos as alianças do amor!
A partir daí, ganhou nos dias vindouros as suas joias mais preciosas: Florisbela Martins Rezende, José Martins, Pio Rezende, Ione Martins Rezende e Neuza Martins Rezende (Neuzinha, em memória).
Na transcendência de sua vida, houve dores, decepções e intenso trabalho. Porém, vieram também muitas vitórias e alegrias!
Na melodia dos seus dias, tinha a convicção de que era determinada e não tinha medo de trabalhar. Assim, durante 30 anos, fez da sala de sua casa, uma confecção individual. Costurando roupas para diferentes pessoas numa vontade incessante de vencer! Mesmo em altas horas das noites e sob a luz de lamparina, a sua máquina de costura não queria calar...
Em meados da década de 80, comprou um pequeno terreno, pago em várias prestações com dinheiro das roupas que confeccionava. Iniciava aí, o seu primeiro passo para ser uma mulher financeiramente independente.
Passados 40 anos, tornou-se uma empreendedora do ramo imobiliário. São investimentos que geram importantes dividendos para a família e ajudam a fomentar a economia da cidade.
Agora, Vitalina Souza de Rezende completa com muito amor e carinho, 85 anos de vida! Esbanjando boa saúde e vitalidade! Viver é uma dádiva! E mesmo que as alvoradas de hoje não sejam tão felizes como as de outrora, há muito o que celebrar nesta data: são as presenças dos seus filhos, netos, bisnetos, parentes e amigos. Juntos, estão contemplando essa bonita história realçada de serenidade!
A menina simples que andava descalços pelas ruas do Caçu, conseguiu caminhar pelo tapete vermelho e conheceu o vale encantado. Ajudando pessoas, expressando exemplos, recebendo carinho, amizade e gratidão. Melhor ainda: Sempre abrindo o seu coração para o amor de todos!
Parabéns, Dona Vitalina! Parabéns, tia finha! Parabéns, vovó Talina! Parabéns, madrinha Vitalina! Parabéns, minha mãe! Mãe de todos nós!!!