ECONOMIA: Os ricos perdem mais dinheiro do que os pobres
“Patrimônio não foi feito para guardar e nem para exibir mais sim, para produzir”
Por Pio Rezende (Jornalista e Ambientalista)
De todas as diferenças substanciais existentes entre ricos e pobres no Brasil, uma, ainda que elementar, me chama bastante a atenção quando o assunto é ganhar e perder dinheiro. Os posicionamentos adotados na administração de patrimônio e nas transações comerciais têm levado os abastados a uma considerável perda de capitais. Isso é visível e real. Dentre os motivos estão a falta de planejamento, apatia profissional, falta de motivação e inflexibilidade na comercialização de bens e serviços quando os denominadores aritméticos não os favoreçam totalmente. Para dinamizar esse tema vamos citar aqui alguns exemplos clássicos que ocorrem constantemente.
Uma senhora endinheirada possuía uma residência de bom padrão, a qual queria alugar pelo valor mensal de hum mil e quinhentos reais. Uma pessoa de boa índole interessou pelo imóvel, oferecendo a quantia de R$ 1.450,00. Por não precisar, com urgência, do dinheiro daquele aluguel, a proprietária endureceu o negócio, não aceitando conceder o desconto pedido pelo pretendente. Moral da história: Essa casa ficou fechada durante dois anos e nesse período encharcou de umidade, mofo e gerou dois IPTUs. Se tivesse aceitado a referida proposta, ela teria faturado, em 24 meses – sem contabilizar a correção monetária incorrida – R$ 34.800,00.
Outros ricos estão perdendo muito dinheiro, acumulando patrimônio que não gera renda, como é o caso de lotes urbanos. Existem pessoas detentoras de dezenas e até centenas de terrenos na cidade, e os prejuízos são enormes. Porque esses imóveis não estão proporcionando renda e todos os anos tem IPTU para pagar. Mais ainda: dependendo da situação gasta-se para mantê-los limpos. Mas aí alguém pode questionar, dizendo que os terrenos estão se valorizando. Pura ilusão. Valorização de lotes é uma loteria: pode dar certo como também dar errado. Imagine-se que perto dos imóveis estabeleçam-se um motel, presídio, empresa poluente, torre de comunicação ou mesmo uma lanchonete barulhenta? E é bom lembrar que uma boa valorização dura, em média, de 10 a 30 anos, que em termos econômicos são tempo demais para esperar.
Existem também casos de pessoas abastadas que ainda estão guardando soja da safra de 1992. Sem fazer qualquer cálculo, afirmamos com segurança que, nesse período, elas tiveram considerável perda econômica. Soja guardada não rende lucro, pois o preço real desse produto no Brasil oscila entre 10 e 13 dólares. Enquanto que existem aplicações de renda fixa no sistema financeiro que estão redendo entre 1 e 2% ao mês. Portanto, nesse caso, mantiveram o patrimônio mas não obtiveram lucratividade.
Nesse meio há a história de algumas pessoas que detêm empreendimento comercial bem estabelecido ou mesmo uma profissão relevante que proporciona excelente renda; mas não satisfeitas com o status econômico já conquistado, compram uma propriedade rural apenas para exibir à sociedade que também são fazendeiras. Com isso e devido à falta de tempo dos negócios da cidade, essa fazenda deixa de ter assistência profissional adequada e não consegue produzir a contento, passando a patinar para pagar até mesmo as despesas básicas da propriedade. Vou fazer ainda outra ressalva: existem fazendas de quinhentos alqueires que estão quase sem água para se beber.
Por outro lado, os pobres têm tido, nos últimos anos, uma melhor desenvoltura econômica e estão conseguindo ganhar mais dinheiro do que os ricos. Tudo por causa de três fatores básicos: humildade, trabalho e maior flexibilidade nas transações comerciais. Para ilustrar o entendimento, vou contar a história de um jovem pobre que, com muito esforço, conseguiu comprar seis lotes num bairro de classe media da cidade e construir neles 11 pequenas residências, as quais são alugadas pelo valor de um salário mínimo por mês, cada. Agora, ele está faturando com os aluguéis R$ 46.200,00 por ano. Se tivesse com os lotes baldios, o que iria ganhar?
Outro caso bastante interessante é o de um rapaz que está ficando rico, tranquilamente trabalhando em um sitio de apenas 15 alqueires de terras. Lá ele está tirando 150 litros de leite por dia, cria galinhas e porcos e planta, para subsistência dos animais, mandioca, milho, cana e tem duas represas de peixe, além de apiário. O resultado disso é que essa pessoa já possui veículo novo para se locomover, casa de bom padrão na cidade, não tem dívidas e dispõe de gorda poupança financeira no banco. Enquanto isso há grande latifundiários que estão atolados em dívidas e sempre correndo atrás de agências bancárias, querendo financiamento. Para fechar a questão, fazenda é para quem tem vocação, tempo e disposição para trabalhar na terra.
Hoje, no mundo globalizado em que vivemos, concorrência acirrada, crises, época em que o capital é volátil, é muito importante entender que saber ganhar, gastar e não perder dinheiro é, atualmente, a principal regra do mercado. Patrimônio não foi feito para guardar e nem para exibir mais sim, para produzir. Tudo o que você possuir, coloque para gerar renda. Seja humilde e flexível na mesa de negociação, pois um pequeno desconto que conceder numa transação comercial pode representar, amanhã, grandes lucros. Não deixe sua riqueza ditar as regras do jogo, procure ser realista até porque muita gente ficou pobre por falta de refletir e se posicionar melhor, nas relações econômicas.
Lembre-se que há muitas pessoas ricas que poderiam ser milionárias ou bilionárias se fossem mais ponderadas e colocassem a riqueza ociosa que têm em poder, para render dividendos. Bem administrado e estruturado, qualquer empreendimento ou profissão são bem-vindos e não há segredo e nem mágica para que alguém seja bem-sucedido financeiramente.
Em toda parte do mundo, muitas pessoas pobres estão encontrando a prosperidade, enquanto uma considerável porcentagem de ricos ficando pobres ou permanecendo economicamente estagnados. A ideia aqui é mostrar a excelência de alguns pontos reais de como aumentar o patrimônio com inteligência e não perder dinheiro. E bons negócios!