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O que é mesmo modernidade?

Por que essa palavra está tão em voga nos dias de hoje? Qual seu significado e sua importância no contexto socioeconômico?

Por Pio Rezende (Jornalista e Ambientalista)

A notoriedade e a conotação que se tem dado ao termo modernidade presumem o que o significado seja tudo o que há de novo numa feira livre e entende-se ser aquilo que está na moda, presente e atual. Nessa linha de raciocínio aparece também a síntese que são objetos e serviços de boa qualidade e precisão. Para os que perseguem a obsessão da vaidade acham que modernidade são ar-condicionado, fac-símile, roupa de marca famosa, computador conectado via internet e telefone celular. Já os mais simplórios, imagina que modernidade é instalar uma indústria numa pequena cidade do interior e oferecer três mil empregos, ou até mesmo construir viadutos, pontes, usinas hidroelétricas, metrô e asfaltar a rua da sua casa.

Outro ponto importante a ressaltar nesse sentido é a propagação mundial sobre a globalização da economia que estabelece, com veemência, uma corrida econômica mais competitiva e virtualmente rotulada como a tônica da chamada era da modernidade.

Ocorre que estamos, mesmo, vivendo em uma época de enigma, paradoxo e retórica de modismo, e isso tem gerado a falta do entendimento e aplicação correta do termo modernidade. Inexoravelmente tem se diluído em várias perdas e consequências nocivas ao meio sócioeconômico. Para se ter uma ideia, veja só alguns exemplos: a população mundial produz todos os dias, milhões de toneladas de lixo (nuclear, sucata orbital e outros detritos), e nenhum país tem lugar com segurança para colocar e nem estão totalmente preocupados em reciclar ou encontrar fórmulas para diminuir. Enquanto isso colocam em viagem espacial aeronaves que custam milhões de dólares, provocam guerras em “nome da democracia”, e depois diga-se de passagem propagam formalmente que são modernos (desenvolvidos).

No Brasil, país de clima agradável, encontramos séries de estabelecimentos comerciais, públicos e até ônibus, que lacram suas portas e janelas para implantar ar-condicionado, colocando em risco a própria saúde de quem trabalha.A maior cidade do país, São Paulo, é cortada por grandes rios como Tietê, Ipiranga, Pinheiros e, no entanto, continua sem água potável de boa qualidade para o consumo da população e há muito tempo já sofre as durezas do racionamento.

Há poucos dias confesso que fiquei chocado, quando o Governo Brasileiro, que não cansa de fazer atrapalhadas, anunciou o funcionamento da Usina Nuclear de Angra 2 no Rio de Janeiro. Projeto errado. Pois, trata-se de um empreendimento altamente poluente e desnecessário pelo fato de termos condições de abastecer toda a demanda energética do Brasil, construindo no território nacional, usinas térmicas (solar) e termoelétrica (ar).

A verdade é que uniformemente tudo precisa ser modernizado, desenvolvido e atualizado. Só que não é da maneira exteriorizada e orquestrada que vem sendo disseminada. Se continuarmos nessa trilha de pensamento, não adianta computadores para realizar serviços com rapidez e precisão e nem ar-condicionado para dar o luxo e o prazer da matéria, pois em contrapartida vamos correr o risco de ter racionamento e falta de água, energia e as crises da educação, saúde e do desemprego serão ainda maiores e atingirão a sociedade como um todo. Não adianta construir um metrô com capacidade para transportar diariamente milhões de pessoas se não cumprir a Constituição Federal, as normas de direitos e os deveres préestabelecidos de cada cidadão. Não adianta construir uma obra pública luxuosa e mandar um satélite para o espaço, se ainda convivemos com milhares de pessoas analfabetas e famintas.

A modernidade lógica e salutar está no desenvolvimento de técnicas, produtos e serviços que visam melhorar com dignidade a vida da população e necessário para o padrão de desenvolvimento racional que o país precisa. Que procura estabelecer um processo sustentável. Podemos classificar o significado termo: “modernidade está no equilíbrio entre o nascimento e renascimento perceptível dos sentidos, em que não prejudica a vida humana e o meio ambiente ”.

A modernidade pode ser ainda dissertada como: inovar, quebrar tabus e arriscar, mas também é sensatez, é austeridade e portanto não devemos imprimir meteoricamente na vida real tudo que a mercadologia martiriza, porque pode não confirmar na realidade a verdadeira concepção da palavra.

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